data-filename="retriever" style="width: 100%;">Fotos: Pedro Piegas
Os pais, André e Rayana ajudam Antônia, 1 ano e 6 meses, a se adaptar ao uso
Devido às instruções médicas e à medida obrigatória do uso de máscaras de tecido pelo novo decreto municipal, ninguém mais deve sair de casa sem o item. Essa regra inclui todas as idades, mesmo para quem está fora do grupo de risco. Desta forma, quando os pais precisam sair com as crianças, toda a família deve estar protegida. No entanto, algumas pessoas têm medo desse novo hábito, pelo risco de as crianças sufocarem com a máscara. O uso desse objeto, afinal, é seguro ou apresenta algum risco de sufocamento? A reposta não é unânime entre os especialistas.
O médico pediatra, Pedro Orso tranquiliza os pais quanto a esse receio, que se dá, muitas vezes, por conta de boatos. Ele garante que crianças saudáveis não correm este risco:
- Ao sair de casa, todos devem usar o equipamento, sem exceções. Embora não haja grande possibilidade de contágio para essa faixa etária, o risco deve ser levado em consideração. Além disso, os pequenos podem ser assintomáticos e acabarem propagando o vírus para outros.
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Já a chance mínima de sufocamento é válida apenas para crianças que já tenham histórico de doenças respiratórias, como asma, explica Orso:
- Neste caso, o uso da máscara aumenta a chance de sufocamento, mas, ainda assim, é pouco provável. Com a atenção dos responsáveis voltada à criança, isso não acontece.
Ao contrário do pediatra, a Sociedade Brasileira de Pediatria orienta que o uso é indicado somente para crianças a partir dos dois anos de idade. Além disso, a primeira opção dos pais deve ser avaliar se a criança realmente precisa sair de casa. Em caso de sair, aí é necessário cuidados com o acessório. O órgão ainda recomenda que os pais e responsáveis avaliem, até que ponto o uso das máscaras nos pequenos é eficaz: se a criança ficar tirando a máscara do rosto, ela já deixa de proteger como deveria.
A médica pediatra Maria Clara Valadão, que atua no Hospital Universitário de Santa Maria (Husm), reitera as orientações da SBP:
- As recomendações da Sociedade Brasileira de Pediatria são as que sempre devem ser consideradas, pois são embasadas em pesquisas e comprovações científicas. Independentemente se estiverem doentes, crianças menores de 2 anos não podem usar máscaras porque o risco de sufocamento é real devido a impossibilidade de troca de dióxido de carbono por oxigênio.
Maria Clara reforça que o ideal é deixar as crianças sempre em casa e, quando os pais saírem, utilizarem máscaras. Se o menor de 2 anos realmente precisar sair, como para tomar vacinas ou por não ter um responsável em casa para tomar conta dela, é melhor não utilizar o equipamento, pois o risco é grande, conforme a pediatra.
Para crianças maiores de 2 anos, a máscara pode e deve ser utilizada quando saírem de casa. Para estes, que já têm autonomia, a adaptação ao estranho acessório é mais difícil. Em primeiro lugar, avalie se a criança necessita sair de casa. Se sim, deve ser encontrado um método de protegê-la com algo que permaneça no rosto, além do afastamento de outras pessoas, conforme o pediatra:
- Não é necessário ter medo da transmissão pelo ar se estiver longe pessoas.
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DISTÂNCIA
Orso explica que o vírus não paira a grandes distâncias. Mesmo assim, ele recomenda evitar que estranhos conversem próximos à criança, visto que podem liberar partículas salivares.
- Caso a criança não tenha ou realmente não consiga permanecer com a máscara, outros tecidos podem ser utilizados no lugar. Embora não haja garantia, todo tipo de barreira é válido na tentativa de proteção. Se os adultos derem o exemplo, a criança vai querer fazer o mesmo.
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O pediatra alerta, ainda, que o cuidado constante para que a criança não leve as mãos nos olhos, boca e nariz deve ser tomado pelos responsáveis, já que os pequenos não entendem a magnitude da doença.
Outra recomendação do especialista é quanto a sintomas. Segundo ele, se alguém da casa apresentar sinais da doença, é necessário que essa pessoa se isole da criança por completo.
style="width: 100%;" data-filename="retriever">Foto: Arquivo Pessoal
Daniel, 4 anos, ainda reclama da máscara. Para a mãe, Luana, o item é indispensável a toda a família
"Todos devem usar máscara para proteger suas famílias", diz Luana Cesar
A técnica em Enfermagem Luana Oliveira Cesar é mãe de Daniel, 4 anos, e de Luiz Vitor, 14. Ela conta que, logo que começou a aparecer casos confirmados de infecções por coronavírus em Santa Maria, ela e a família passaram a se proteger, principalmente com máscaras.
- Espero que os demais santa -marienses, da área da Saúde ou não, se conscientizem e cuidem dos seus lares - pede Luana.
Luiz Vitor, embora se incomode com a máscara, se adaptou rápido. Já Daniel, de acordo com a mãe, não gosta do apetrecho e, em poucos minutos de uso, tenta removê-lo.
Mesmo assim, Luana não deixa o cuidado de lado, principalmente porque o filho é asmático, o que o torna parte do grupo de risco da Covid-19.
- Ele diz que não consegue respirar com a máscara. Sei que é apenas sensação ruim, causada pelo desconforto - diz Luana.
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Desde o início da pandemia, os pais buscam explicar a situação para Daniel, que ainda não entende muito bem o que é o coronavírus, conforme Luana.
- Redobramos a atenção com a rotina de higiene. Adquirimos álcool em gel, o instruímos a lavar as mãos depois que pega os animais de estimação e colocamos um banco em frente à pia do banheiro para facilitar. Além do mais, desde que a quarentena teve início, os filhos, praticamente, não saem mais de casa.
A pedagoga Patrícia Ferreira Alves é mãe de Isabelly, 7 anos, que se adaptou bem à máscara.
- Só saímos de casa se realmente for necessário. Mesmo assim, ela coloca a máscara e só fica dentro do carro.
Patrícia também tem priorizado explicar à menina todas as restrições que a pandemia traz. Para a pequena, o período é difícil devido ao isolamento:
- Ela está com saudades dos colegas de escola. Reclama um pouquinho, mas logo fala que "por causa desse corona não podemos nos ver".
style="width: 100%;" data-filename="retriever">Foto: Arquivo Pessoal
O pequeno Henrique Costa Chaves adora usar o acessório, ainda mais com o desenho favorito estampado
A professora Leila Costa Chaves, mãe de Henrique, 3 anos, conta que, desde o surgimento da doença no país, ela e o marido têm trabalhado com os cuidados como lavar bem as mãos e usar álcool em gel com o filho:
- O instruímos para não cumprimentar o pai quando chega do trabalho. Henrique, atento, fica perguntando ao pai se já tomou banho, até poder abraçá-lo.
Leila comenta que o filho adorou usar a máscara.
- Ele também quis uma por perceber que todos da família tinham. Então, não sofreu com a adaptação. Achei que ia querer tirá-la todo momento, como eu (risos), mas não. Aguenta com tranquilidade - diz a professora.
*(Colaborou: Gabriele Bordin)